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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Picolé funcional....com potencial antioxidante

Por Thiago Romero
Agência FAPESP – O bagaço de duas variedades de uva, subproduto do processamento de vinhos e sucos que normalmente é descartado, pode contribuir para a redução do risco de cânceres e doenças cardiovasculares. A conclusão é de Emília Ishimoto, pesquisadora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
As enzimas antioxidantes do bagaço de uva foram mensuradas no fígado dos animais.
“Algumas dessas enzimas hepáticas também tiveram aumento estatístico considerável. A enzima catalase, por exemplo, que protege o organismo contra a ação de radicais livres, teve seu poder de ação dobrado”, contou Emília.
“Com a melhora do perfil antioxidante dos animais também é reduzido o risco de várias doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como câncer, diabetes, Parkinson e Alzheimer. Quase todo o resíduo de bagaço consumido no Brasil para produção de vinho e suco é desprezado na natureza, ainda que seja um suplemento alimentar de baixo custo e com alto valor nutricional”, disse.
Com alguns dados estatísticos sobre o perfil lipídico e antioxidante dos grupos que se alimentaram com o bagaço em mãos, a pesquisadora deu início ao desenvolvimento de um processo de produção de um sorvete, tanto de massa como picolé, utilizando bagaço de uva como ingrediente funcional.
Para verificar seu potencial de comercialização, ela realizou uma avaliação sensorial com 43 indivíduos, por meio de um método para medir a aceitação do paladar em uma escala variável de sabor.
“Os sorvetes foram aprovados sensorialmente e, após completarmos esse ciclo, fizemos o depósito de patente do processo de produção do sorvete e da farinha. Com esse mesmo processo também é possível produzir outros alimentos como bolos, pudins, iogurtes e barras de cereal”, afirmou.
O trabalho, que teve orientação de Elizabeth Ferraz da Silva Torres, do Departamento de Nutrição da FSP, foi realizado no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio a Pesquisa. Participaram também pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Já passou da hora de acabar com intoxicações nos oceanos e rios......

Acidentes com embarcações que resultam no vazamento de grandes quantidades de óleo são mais comuns do que deveriam. O mais recente ocorreu esta semana na costa uruguaia, depois da colisão de dois navios.
A mancha de óleo de 20 km de comprimento, se não for contida, poderá chegar a Buenos Aires pelo rio da Prata. Em casos como esse, até que a complexa operação de contenção da mancha seja efetivada, utilizando diversas técnicas e mobilizando centenas de pessoas, o desastre ambiental pode estar consumado.
Uma nova tecnologia desenvolvida no Brasil promete funcionar como os primeiros socorros para uma emergência desse tipo, minimizando os estragos.
Trata-se de um pó composto por surfactantes (que reduzem a tensão superficial de uma solução) e um agente inerte. Ao ser jogado na água, o produto forma um filme ultrafino, com a espessura de uma única molécula, que confina a mancha de óleo em uma área limitada e a comprime, aumentando sua espessura e facilitando a limpeza.
De acordo com o diretor científico da Lótus Química Ambiental, Marcos Gugliotti, que desenvolveu o coletor de óleo em projeto apoiado pelo programa Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (Pipe), da FAPESP, o produto oferece uma opção de pré-remediação eficiente.
“Quando há um acidente, até que se faça o deslocamento de barreiras de contenção e skimmers [que separam o óleo da água] para o local, a mancha se espalha, resultando em grandes estragos ambientais. O produto que desenvolvemos permite que uma única lancha aplique o pó na água, nos limites da mancha, reduzindo sua extensão”, disse o pesquisador.
Segundo ele, para cada quilômetro de perímetro da mancha de óleo, é preciso aplicar 2,5 quilos do pó. “O produto age de diversas formas. Primeiro ele reduz o espalhamento da mancha de óleo, confinando-a. Depois, por ter alta pressão superficial, ele se espalha rapidamente e começa a reduzir a superfície da camada de óleo, aumentando sua espessura e facilitando a remoção”, explicou.
O pesquisador explica que o produto é autofóbico, isto é, não se espalha sobre si mesmo. “Se o pó for jogado na água, ele se espalha até atingir a mancha, confinando-a. Se for jogado sobre o óleo, passa por cima dele e atinge a água rapidamente, produzindo o mesmo efeito”, apontou.
O produto é biodegradável em 48 horas. “O coletor é insolúvel, não se misturando com a água e mantendo-se apenas na superfície. Ele também não é tóxico e não altera a qualidade da água”, disse.
Foram realizados diversos testes em laboratório, além de dois testes preliminares de espalhamento e impacto ambiental na represa do Broa, no interior paulista. “Em um dos testes de laboratório, utilizando petróleo, a mancha de óleo foi reduzida em cinco vezes, em questão de poucos segundos”, afirmou Gugliotti.
Em outro teste, feito em uma marina em Santos (SP), Gugliotti utilizou um pulverizador agrícola para espalhar o produto. “O óleo era visível na superfície da água e obtivemos uma redução rápida e ampla da mancha. Os dados foram registrados e o teste foi fotografado”, disse.
Gugliotti procura agora uma empresa para fazer o licenciamento da patente do produto. “Queremos ceder os direitos para que alguma companhia produza e venda o produto”, disse.
O produto também foi apresentado para uma comissão do setor de emergência da Cetesb. “Estamos negociando com a instituição um teste em uma piscina olímpica em Guarulhos”, disse.
Os principais resultados da pesquisa foram apresentados em pôster na Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), realizada em Águas de Lindóia (SP) no fim de maio.
Mais informações: lotusqa@uol.com.br, ou pelo telefone (11) 9158-5178, com Marcos Gugliotti.

Por Fábio de Castro
Agência FAPESP