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quarta-feira, 31 de março de 2010

3 dos 4 remédios para emagrecer mais consumidos podem causar dependência

Dos quatro medicamentos para emagrecer mais consumidos no país, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), três são anfetaminas, drogas sintéticas que podem causar dependência no caso do uso abusivo, segundo o Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas (Ceatox) de São Paulo. São os medicamentos anorexígenos à base de anfepramona, mazindol e femproporex.
O inibidor de apetite sibutramina, também entre os mais consumidos e vendido comercialmente com os nomes de Reductil, Plenty e Sibutral, não causa dependência, segundo o Ceatox. No entanto, os remédios à base da substância terão controle mais rigoroso a partir desta terça-feira (30), de acordo com a Anvisa, porque podem aumentar o risco de problemas cardiovasculares. O toxicologista Antônio Wong, chefe do Ceatox, explica que, entre os anorexígenos, o femproporex é o que mais pode causar dependência. "O uso abusivo da anfepramona e do mazindol também podem levar ao quadro de dependência, mas ocorre com menos frequência", destaca. Anfepramona, mazindol e femproporex já são remédios tarja preta, dentro do grupo "B2", no qual é preciso que o paciente apresente uma receita especial, de cor azul, para efetivar a compra no estabelecimento farmacêutico. A sibutramina, que era do grupo "C1", no qual pede-se a receita branca em duas vias, passou para o grupo "B2". A indústria farmacêutica terá 180 dias para adequar a embalagem de tarja vermelha para preta, mas os médicos já devem começar a prescrever com a receita azul. Confira no infográfico abaixo os remédios que podem causar dependência. Wong informou que, embora a sibutramina seja um inibidor de apetite, também é usado como antidepressivo. "Ele é eficiente como antidepressivo, mais que a fluoxetina (vendido com os nomes comerciais Prozac e Daforin). O controle não se deu por causa do perigo do uso abusivo, mas sim porque estudos mostram o risco cardiovascular, arritmia. A Europa retirou do mercado, mas o governo brasileiro, para não deixar os endocrinologistas sem opção, aumentou a fiscalização", destaca o toxicologista, que presta consultoria para a Anvisa. O toxicologista destaca que não há uso abusivo somente entre os remédios que causam dependência. "Pode haver uso abusivo de todo tipo de medicamento. Se a pessoa se sente bem com o remédio, pode acabar tomando mais do que o receitado pelo médico", destaca.
Antônio Wong afirma que o uso abusivo dos anorexígenos afetam a coordenação motora. Há relatos de pessoas que morreram devido ao consumo em excesso. Em entrevista ao G1 sobre o uso abusivo de medicamentos, o Ministério da Saúde afirmou que o governo se preocupa com a questão: "É um problema grave no Brasil. (...) Acho importante abordar essa situação porque, para a saúde pública, as drogas ilegais, legais e prescritas podem apresentar danos comparáveis. Nós sabemos que, de todas as drogas, as mais danosas são duas legais, o álcool e o tabaco. E, entre as que não são ilegais, existe ainda o problema dos medicamentos que podem causar dependência", disse o coordenador geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, Pedro Gabriel Godinho Delgado.
Consumo - Segundo dados divulgados pela Anvisa nesta terça, que integram o primeiro relatório do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), que começaram a ser coletados em 2007, os quatro anorexígenos tiveram consumo de quase seis toneladas no ano passado. Deles, os mais consumidos foram, pela ordem: anfepramona (3 toneladas), sibutramina (1,8 tonelada), femproporex (1,04 tonelada) e mazindol (2 kg).Os dados se referem às informações repassadas por 38.500 estabelecimentos farmacêuticos, cerca de 62% da rede privada no país. A Anvisa destacou que não é possível aferir se houve alta no consumo pois se trata do primeiro relatório. Além dos quatro anorexígenos mais vendidos, a Anvisa também verificou dados de venda do antidepressivo fluoxetina (3,5 toneladas em 2009) e do estimulante metilfenidato (174 kg em 2009), para tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que faz parte do grupo das anfetaminas e também pode causar dependência devido ao uso abusivo. Na avaliação da Anvisa, o SNGPC permite um maior controle para conter o uso abusivo de medicamentos. "Assegura um controle muito mais estrito e, conseqüentemente, promove o uso racional dos medicamentos que podem causar dependência física ou psíquica", diz a Anvisa em nota.
Maiores prescritores - Ao analisar os dados do sistema, o órgão de vigilância sanitária verificou que entre os 10 maiores prescritores dos anorexígenos não estão profissionais ligados à área de endocrinologia, o que seria esperado.O maior prescritor do femproporex é um dermatologista, conforme a Anvisa. Entre os dez maiores prescritores de sibutramina, está um médico do tráfego, que cuida da saúde de caminhoneiros e profissionais do trânsito. Entre os dez médicos que mais prescreveram anfepramona no Brasil no ano passado, estão um ginecologista e outro gastroenterologista. Entre os que mais prescrevem o emagrecedor mazindol há um pediatra. A Anvisa disse que comunicou ao Conselho Federal de Medicina sobre os maiores prescritores dos medicamentos anorexígenos, para que seja investigado se há irregularidades.
Manipulados - Segundo dados da Anvisa, a anfepramona, também conhecida por dietilpropiona, é vendida pelo menos quatro vezes mais na forma manipulada do que na industrializada. "[Isso] pode ser justificado pela diferença de preço deste medicamento manipulado, que geralmente é muito menor que o preço dos produtos industrializados vendidos em drogarias e pela tendência de dosagem personalizada para cada paciente", diz nota da Anvisa. A sibutramina também é vendida mais na forma manipulada.

(Fonte: G1)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Poluição da Ásia sobe à estratosfera e circunda a Terra por anos, alerta estudo

A poluição, em forte aumento na Ásia com a recente explosão do crescimento econômico da região, é transportada para a estratosfera durante a temporada das monções e circula ao redor do planeta por anos, alertou um estudo publicado nos Estados Unidos. Com base em observações por satélite e modelos informáticos, cientistas determinaram que, por causa das monções, a circulação do vento no verão transporta rapidamente o ar da superfície da Terra para a alta atmosfera.
Estes movimentos ascendentes fazem com que as partículas de carbono, óxido de enxofre e de nitrogênio, bem como outros contaminantes, alcancem a estratosfera, a uma altitude entre 32 e 40 km." A monção é um dos sistemas mais potentes de circulação atmosférica no planeta e este fenômeno sazonal ocorre justo sobre uma região muito contaminada", explicou William Randel, do Centro Americano para Pesquisa Atmosférica (NCAR), principal autor do trabalho, que será publicado na edição desta sexta-feira (26) da revista Science."
A consequência é que a monção oferece um meio de transporte destes contaminantes para a estratosfera", acrescentou. Uma vez na estratosfera, os contaminantes circulam ao redor da Terra durante vários anos antes de cair na atmosfera e se desintegrar. Segundo o estudo, o impacto da contaminação da Ásia na estratosfera poderá aumentar consideravelmente nas próximas décadas devido ao crescimento da atividade industrial na China e em outras economias em desenvolvimento na região. Além disso, as mudanças climáticas poderiam afetar as monções na Ásia, sem que se saiba ainda se o fenômeno reforçaria ou enfraqueceria as correntes ascendentes que transportam os contaminantes para a estratosfera, concluíram os pesquisadores.

(Fonte: G1)